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Spoilers!
Considerando o grande sucesso dos filmes de terror que
Val Lewton produziu para a unidade B da RKO durante a década de 1940, é curioso que tão poucas cópias desses filmes tenham sido forjadas por outros
estúdios. O mais estranho é que uma grande parte desses poucos aspirantes a
Lewton que existem só foram lançados na década de 1950, muito depois de os
próprios filmes de Lewton terem desaparecido em uma existência vampiresca de exibições
em cinemas revival e distribuição na TV. O mais estranho de tudo, porém, é que
o filme imitador que melhor explorou o verdadeiro espírito de Lewton foi Bride
of the Gorilla ("A Noiva do Gorila"), um filme de baixo orçamento de
Lon Chaney Jr., do produtor do infame O Satânico Dr. Zabor (Bela Lugosi Meets a Brooklyn Gorilla).
Klaas Van Gelderr, Paul Cavanagh, de O Mistério das
Caveiras (The Four Skulls of Jonathan Drake) e Herança Maldita (The Son of Dr.
Jekyll) é dono de uma plantação de borracha em algum lugar da selva
sul-americana, onde mora com a esposa, Dina (Barbara Payton, de Four Sided
Triangle), e Barney Chavez (Raymond Burr, mais lembrado por aqui por ter sido
editado nas versões americanas de Godzilla: Rei dos Monstros e Godzilla 1985),
o homem que ele contratou para gerenciar seus exércitos de trabalhadores
nativos. Inevitavelmente, há sérios problemas na casa dos Van Gelder. Klaas e
Dina parecem nunca se ver; ele está sempre imerso em seus livros, enquanto ela,
francamente, prefere a companhia de Barney Chavez e do médico do povoado, Dr.
Viet (Tom Conway, de Voodoo Woman e O Submarino Atômico), ambos secretamente
apaixonados (ou não tão secretamente no caso de Barney) por ela. Para complicar
ainda mais a situação, Barney só está nisso por si mesmo, seja lá o que
"isso" possa ser considerado. Ele faz seu trabalho de forma relaxada
e preguiçosa, e seu amor por Dina não o impede de seduzir sua camareira, Larina
(Carol Varga, de Space Master X-7 e Untamed Mistress), ao mesmo tempo. Van
Gelder finalmente o pega, porém, e ele dispensa o supervisor garanhão bem no
meio do jantar. No entanto, antes de seguir seu caminho, Barney aborda seu
chefe na propriedade da plantação, onde a discussão entre eles se transforma em
uma briga de socos, que termina com Van Gelder sendo primeiro nocauteado e
depois picado por uma cobra venenosa. Toda a altercação é testemunhada por
Al-Long (Gisela Werbisek), uma xamã tribal (e possivelmente mãe de Larina) que
também trabalha como criada na casa dos Van Gelder. Ela se aproxima de Van
Gelder em seus últimos momentos para lançar uma maldição sobre Barney, vingando
não apenas o fazendeiro, mas também Larina, que finalmente descobriu o quão
pouco ela realmente significa para Chavez.
Histórias estranhas surgem no inquérito na tarde
seguinte. Tanto Al-Long quanto Dina Van Gelder oferecem álibis falsos para
Barney, apesar do que pareceria (pelo menos para Al-Long) ser seu interesse
natural em prendê-lo, e o Dr. Viet parece curiosamente relutante em dar ao
Comissário de Polícia Taro (Lon Chaney Jr.) sua opinião honesta sobre a morte
de Van Gelder. Embora ele obviamente pense que algo mais do que uma picada de
cobra aconteceu com Klaas, ele limita seus comentários a avaliar a causa
imediata da morte. Taro é bastante franco sobre acreditar que Chavez seja de
alguma forma culpado, mas admite que as provas apresentadas até o momento não
oferecem base suficiente para prendê-lo. Mas o que realmente preocupa o
comissário é algo encontrado no chão ao lado do corpo do morto: folhas da
planta peli-guan, que figura com destaque na farmacopeia mágica da tribo
indígena local, especialmente como veículo para maldições. Taro relutantemente retorna
à cidade, deixando Chavez livre para fazer o que quiser.
Barney e Dina se casam com uma rapidez absolutamente
indecente assim que Klaas sai de cena, o que parece ser um pouco mais do que o
grau de afeição que vimos até agora entre eles poderia suportar. E apesar das
sugestões anteriores de Chavez de que ele e Dina deveriam vender a plantação e
deixar a selva para trás, ele, em vez disso, assume diretamente o lugar deixado
vazio por seu antecessor. Pode haver mais em jogo do que aparenta, porém, pois a
maldição específica que Al-Long lançou sobre Barney foi de selvageria; ele deve
se ver como uma fera da selva e conhecer a satisfação apenas ao rondar seus
caminhos secretos à noite. Inconvenientemente, a primeira manifestação dessa
maldição ocorre na noite de núpcias de Barney, quando ele enfia na cabeça que
se transformou em um gorila e deixa sua nova esposa sozinha na casa da
plantação. Dina acredita que Barney simplesmente pegou uma febre que lhe causa
confusão mental, e a princípio não estabelece uma conexão entre os estranhos
devaneios noturnos do marido e os rumores que circulam entre os trabalhadores
rurais sobre um animal mortal que espreita a selva sobre duas pernas. O Dr.
Viet também não se atreve a fazer isso, embora seja perspicaz o suficiente para
suspeitar que alguém esteja envenenando Chavez com uma droga psicoativa. Aliás,
a única pessoa que parece ter a mínima ideia de que o louco que vaga pela
floresta no escuro possa ser idêntico ao demônio humanoide da selva que está
apavorando os trabalhadores da plantação é o Comissário Taro. Mas mesmo ele não
faz nada a princípio, insistindo que sejam apresentadas provas sólidas antes de
agir de acordo com seu palpite tácito. Ele pode não estar fazendo nenhum favor
a Barney nem a Dina, no entanto — pense no que pode acontecer quando o lado de
Chavez que se considera um gorila começar a compartilhar o interesse do lado
humano por aquela loira bonita que mora na casa grande branca.
Mais do que qualquer outro filme não-RKO que já vi, Bride of the Gorilla captura a qualidade definidora dos melhores filmes de terror de Val Lewton, sua capacidade de funcionar igualmente bem, quer você queira ou não dar crédito à realidade do sobrenatural. Barney Chavez se transforma em gorila apenas em sua própria mente (nunca vemos o característico traje de gorila de pelo cinza, exceto em reflexos e em partes - mãos, pés, etc. — mostrados do ponto de vista de Barney), e é uma questão de interpretação se ele faz isso por causa de uma maldição de bruxaria, porque Al-Long está misturando ervas alucinógenas em sua bebida ou porque sua própria consciência pesada o está lentamente levando à loucura. Essa ambiguidade legítima, combinada com uma atuação sólida de Raymond Burr, eleva Bride of the Gorilla acima do nível de seu título cafona, orçamento mesquinho e diálogos geralmente estranhos e inacreditáveis. Pela primeira vez, temos aqui um filme um pouco mais inteligente do que se imagina, e embora ainda haja muitos erros (Chaney, por exemplo, está completamente fora de sua profundidade como o policial nativo educado no ocidente, dividido entre seus instintos supersticiosos e o racionalismo obstinado incutido por seu treinamento), seria um erro focar demais nos erros. Bride of the Gorilla deveria ser um longa de segunda descartável, então o simples fato de que ele acaba tendo um cérebro em algum lugar da cabeça é uma espécie de pequeno triunfo.
1000misspenthours (Traduzido livremente e adaptado)
CURIOSIDADES:
Durante as filmagens, o marido de Barbara Payton,
Franchot Tone, contratou um detetive particular para lhe espionar e tentar
pegá-la em uma traição. Ele conseguiu tirar uma foto dela e de Woody Strode na
cama.
Edward G. Robinson Jr. foi originalmente escalado para o
filme, mas foi demitido pelos produtores após sua prisão por assinar um cheque
sem fundo de US$ 138 para uma oficina mecânica em Laguna Beach.
Parcialmente baseado no roteiro original do diretor Curt
Siodmak para O Lobisomem (1941), que apresentava Lon Chaney Jr. no
papel-título.
Embora as filmagens tenham levado apenas sete dias, Lon
Chaney Jr. estava programado para participar de uma turnê de divulgação de dez
dias para o filme, que acabou aumentando para quatro meses e meio, de acordo
com o biógrafo de Chaney, Don Smith.
Raymond Burr supostamente antipatizou imediatamente com
Lon Chaney, de acordo com o biógrafo de Chaney, Don Smith.
Curt Siodmak considerou trocar os papéis de Raymond Burr
e Lon Chaney Jr., mas devido à aparência deteriorada de Chaney, a ideia foi
abandonada.
Satirizado por Mary Jo Pehl e Bridget Nelson, sob a marca
Rifftrax.
O livro de 2015 "Scripts from the Crypt: Bride of
the Gorilla" contém o roteiro do filme, a história de sua produção,
capítulos sobre a trilha sonora, sua distribuição, os últimos anos de Curt Siodmak,
etc. Entre os colaboradores estão Tom Weaver, David Schechter, Gregory W. Mank,
Robert J. Kiss e Scott MacQueen.
O filme foi satirizado no programa Incognito Cinema
Warriors XP, do MSTing, em 2008. O filme foi bastante ridicularizado pelos
personagens, que fizeram bastante piada com as cenas excessivamente sombrias
que se passam na selva, bem como com a natureza promíscua da personagem de Barbara
Payton.
Raymond Burr e Lon Chaney Jr. se reencontrariam em As
Grandes Noites de Casanova (1954) e Sob a Lei da Chibata (1954).
A primeira vez que Raymond Burr atuou em um filme com
"Gorila" no título. Alguns anos depois, ele estrelou A Besta Negra
(1954). Um episódio de Perry Mason (1957) mostra um gorila à solta.
Lon Chaney Jr. e Barbara Payton haviam aparecido
anteriormente no mesmo ano em Resistência Heróica (1951).
Último filme de Gisela Werbisek.
SCREENSHOTS:
Mais que pérola heim ?
ResponderExcluirJá estou pronto para rever esta trasheira monumental,
Valeu Karamazov !!
Um B dos Bons que vale mesmo a pena rever! Valeu, Carlos!
ExcluirAí sim, Karamazov! Valeu mesmo!
ResponderExcluirJá imaginava que iria gostar desse, Major! Valeu, amigo!
ExcluirInacreditável! Meu caro amigo arqueólogo cinéfilo, Karamazov, parabéns por postar um dos filmes com Barbara Payton! Vc tinha comentado sobre o Lon Chaney, e obviamente que eu tinha ficado animado, mas confesso que minha animação duplicou agora porque eu tenho uma ligação emocional com a Barbara Payton. Você sabe, já falamos sobre ela, e Barbara teve uma vida absolutamente horrível, principalmente em seus últimos anos. Entretanto, no cinema, ela foi muito ‘’eclética’’ em termos de ‘’performance’’ nos filmes, e quando tinha oportunidade, sua presença era sempre marcante.
ResponderExcluirApesar de Payton ter feito apenas 11 filmes, não é tão fácil conseguir seus trabalhos, e ainda me faltam 4. Bem, agora, graças a você, tenho mais um de seus filmes! Vou passar a lista dos filmes que tenho dela, e caso você, ou alguém do blog queira, posso disponibilizar em formato VOB/DVD:
1949. Trapped
1950. Kiss Tomorrow Goodbye
1950. Dallas
1951. Only The Valiant
1953. Bad Blonde
1955. Murder Is My Beat
Mais uma vez, um zilhão de obrigados por essa postagem extremamente importante! Muita saúde e grande abraço para você, grande Karamazov!
(Carlos Fiorelli)
Carlos, eu também sou apaixonado pela Barbara Payton, uma bela atriz que com certeza tinha aquele algo mais. Pretendo trazer mais um com ela aqui para o Space Monster, um filme muito interessante e que não está na sua lista. Tenho todos os filmes exceto os faroestes, gênero que não sou muito fã, mas adoro principalmente os noirs como o Trapped e o Murder Is My Beat. De nada, amigo, e eu agradeço o seu comentário e disposição em compartilhar esses ótimos filmes! Muita saúde também para você, Carlos, forte abraço!
ExcluirCaríssimo Karamazov, estou tendo uma overdose de Lon Chaney Jr. ultimamente, e após terminar de ver os 6 ‘’An Inner Sanctum Mysteries’’, vi ontem ‘’A Noiva Do Gorila’’. Como eu adoro filmes com temáticas de ‘’selva’’, obviamente que gostei muito desse, além de termos a Payton no elenco! A história é realmente muito interessante e original porque o gorila em si, pelo que eu entendi, seria um estado mental e notado visualmente apenas através dos olhos de um ‘’drogado amaldiçoado’’. Neste caso, temos um ‘’agoniado’’ Raymond Burr, que ‘’abandona’’ sem pensar duas vezes a sua noiva, uma estonteante Barbara Payton, em plena lua de mel, para seguir o ‘’chamado da selva’’, todas as noites! Isso é o que eu chamo de efeito colateral radical de uma droga, e que maldição!...rsrsrsrs. Aliás, a atriz que provoca toda essa situação alucinógena em Burr, disparando também rogas de maldições e pragas a todo momento, Gisela Werbisek, trabalhou muito bem em seu personagem (e este foi o último filme dessa veterana que começou no cinema mudo).
ExcluirLon Chaney, por sua vez, com apenas 45 anos de idade, considerei muito ‘’sofrido’’ fisicamente o seu rosto. O impressionante é que 6 anos antes, ele estava um verdadeiro galã charmoso nos filmes do ‘’Santuário’’!
Bem, como eu disse, na minha opinião, a história realmente é muito original porque explora o mistério e a figura de um suposto gorila de um modo totalmente psicológico. Não sei se as pessoas perceberam essa jogada ‘’mental’’ e o efeito das drogas, na época (talvez elas esperavam simplesmente um gorila arrasando a tudo e a todos, e muito sangue), mas é um grande filme para o seu estilo ‘’fantástico-sobrenatural-mistério’’. Agradeço imensamente por vc ter disponibilizado essa preciosidade, Karamazov!!
Bem, agora, preciso dizer uma coisa sobre a sua futura postagem. Desta vez não posso resistir, afinal trata-se da Payton, e vou ter de me adiantar em relação a sua surpresa. Do jeito que vc escreveu acima, tudo indica que vc vai disponibilizar uma pedra preciosa extremamente rara, e se eu não estou enganado, inédito no Brasil. Não tive de usar muito meus neurônios para chegar a essa conclusão, afinal, dos 4 filmes que me faltam dela, 2 são westerns, 1 é comédia, e só sobrou o Santo Graal procurado.....rsrsrs. Incrível, Karamazov, vc vai disponibilizar ‘’O Triângulo de Quatro Lados’’!!??!! Se for isso, esse sci-fi da Hammer é extremamente importante, além de termos a nossa amada Payton em ‘’dose dupla’’ na história (você deve saber sobre isso, eu imagino)!! Aguardarei mais do que ansioso por essa postagem que será absolutamente ‘’clássica’’!! Grande abraço, grande amigo!!
(Carlos Fiorelli)
Meu caro amigo Carlos, realmente dá para ter uma overdose de Lon Chaney assistindo aos mistérios do Inner Sanctum, série de filmes que gosto muito. Ótimo saber que apreciou essa insólita aventura na selva com o Lon Chaney e a belíssima Barbara Payton! A criatividade de Curt Siodmak faz desse filme muito mais do que um simples filme de gorila. Concordo com autor do texto que escolhi para a postagem: esse filme tem muito da técnica de Val Lewton, onde o menos é mais. Nada fica totalmente esclarecido, dando espaço para a imaginação do telespectador. O roteiro ambíguo aceita as mais diversas interpretações e creio que essa é uma das melhores qualidades do filme (“... é uma questão de interpretação se ele faz isso por causa de uma maldição de bruxaria, porque Al-Long está misturando ervas alucinógenas em sua bebida ou porque sua própria consciência pesada o está lentamente levando à loucura.”). Mas se for mesmo uma maldição, não consigo imaginar nada pior do que ter que abandonar a Barbara Payton em plena lua de mel para atender ao “chamado da selva”, haha! A Gisela Werbisek teve uma longa carreira no cinema, uma pena que boa parte de seus papéis não foram devidamente creditados. Quanto à aparência do Chaney, creio que ele já estava com problemas com álcool na época das filmagens do filme.
ExcluirE sobre a minha futura postagem, você acertou em cheio, Carlos! Vamos ter Barbara Payton em dose dupla em um Triângulo de Quatro Lados! Aguarde que em breve farei a postagem, grande abraço e até breve!
Oi tem como fazer upload da legendas srt da serie four feather fall 1960,os episodios eu baixei no internet archive
ResponderExcluirNão existem legendas para essa série, Vinícius.
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