Ao retornar para seu lar, após anos de ausência, a jovem Marta (Ariadna Welter) encontra seu vilarejo dominado pelo medo, a mansão de sua família em ruínas, e sua tia Eloisa (Carmen Montejo) sob a influência de um sinistro Conde Lavud (German Róbles).
COMENTÁRIOS:
Para muita gente o cinema fantástico mexicano se resume a filmes estrelados por homens mascarados enfrentando criaturas sobrenaturais, mas mal sabem esse pessoal que o cinema de horror mexicano, principalmente entre as décadas de 1950 até 1970, foi dos mais prolíficos e deliciosamente divertidos.
Um dos maiores clássicos dessa leva é El Vampiro, que passou nos nossos cinemas como O Morcego, de Fernando Méndez, que traz Germán Robles como o sedutor vampiro dentuço, um ano antes de a Hammer soltar seu mitológico Horror of Dracula e alçar Christopher Lee ao estrelato.
Totalmente
embebido nos clássicos da Universal, essa produção faz adaptações curiosas: o
cenário não é mais uma mansão gótica ou um castelo medieval, mas uma hacienda
mexicana. O fato dos empregados da fazenda usarem sombreiros e aquelas roupas
brancas, que estamos acostumados a ver em spaghetti-westerns, pode causar uma
estranheza inicial, mas logo é absorvido.
A trama começa quando a jovem Marta Gonzalez (Ariadna Welter, de Ensaio de um Crime de Buñuel), indo visitar a tia enferma, retorna a antiga fazenda dos Gonzalez, onde viveu seus primeiros anos. De tiracolo, a moça traz consigo um viajante que conheceu na estação de trem, chamado Enrique (Abel Salazar, que já foi chamado de o Vincent Price mexicano).
O problema
é quando chegam à fazenda descobrem que a tia de Marta tinha morrido
recentemente e foi enterrada no mesmo dia. A própria fazenda, um lugar outrora
bucólico e agradável, está jogada às traças, coberto por teias de aranhas e com
uma ambientação lúgubre. Para piorar, Marta não sabe que sua outra tia (Carmen
Montejo) está transformada em uma vampira, isto graças ao vampiro, Conde Lavud
(Germán Robles), que se apresenta para a família da protagonista com o
pseudônimo de Duval (nada mais que seu nome original grafado de trás para
frente), um nobre húngaro.
O plano real de Lavud/Duval é ressuscitar seu irmão, cujos restos mortais estão numa tumba que se encontra no mausoléu da fazenda, já que ele foi morto pelos descendentes dos Gonzalez há cem anos. O simples fato do vampiro já estar perambulando pela fazenda há tempos, a ponto de transformar uma das moradoras em vampiro, e levar outra supostamente à loucura e à morte, nos dá a impressão que nosso vilão já teve tempo o suficiente para ressuscitar seu irmão, mas deixamos assim. Obviamente que transformar a jovem Marta em vampira, assim como foi com sua tia, também faz parte dos planos de nosso vilão.
O filme aos poucos vai tendo suas surpresas, Enrique se revela um médico, e que estaria ali secretamente para cuidar da tia Marta, a que supostamente morreu.
Embora o filme tenha cenas risíveis, como quando o vampira se transforma em um morcego de pano segurado por fios, ou quando uma das personagens consegue deixar uma vampira inconsciente usando suas próprias e frágeis mãos, El Vampiro se sai muito bem no geral, com um bom ritmo, passando rapidinho, e com uma ambientação gótica peculiar, marcado pela bela fotografia em preto-e-branco.
O diretor Fernando Méndez, que morreu prematuramente aos 58 anos em 1966, com quarenta produções em seu currículo, conduz com segurança essa trama clássica.
O espanhol
Germán Robles, em sua estreia no cinema, esbanja canastrice como o vampiro
sedutor. Sua imagem com os caninos de fora exibindo um medalhão pregado a seu
impecável traje branco por baixo do paletó e da capa negra, se tornou icônica.
Robles tem em seu currículo noventa produções – seu último trabalho foi El
Secreto (2010).
Embora o personagem de Abel Salazar pareça um tanto boboca aqui, não se deixe enganar; esse ator, produtor e diretor, embora tenha trabalhado nos mais diversos gêneros, foi graças ao cinema de horror que ele é até hoje lembrado e cultuado. Além de El Vampiro onde exerce também a tarefa de produtor, ele trabalhou em outros clássicos como La Maldición de la Llorona (1963) e interpretou o papel-título do inacreditável El Baron del Terror (1962), onde voltou a contracenar com Ariadna Welter.
El Vampiro foi tão bem recebido que logo no ano seguinte saiu a continuação, tão boa quanto a original, chamada El Ataúd del Vampiro, novamente dirigido por Fernando Méndez, e com o mesmo trio de atores (Abel Salazar, Ariadna Welter e Germán Robles).
El Vampiro é uma obra clássica que merece toda a atenção pelos fãs do cinema de horror.
Paulo Blob
- Site Boca do Inferno
CURIOSIDADES:
Este filme
está em 35º lugar na lista dos 100 melhores filmes mexicanos, de acordo com a
opinião de 25 críticos e especialistas em cinema do México, publicada pela
revista Somos em julho de 1994.
Embora
fosse considerado por muitos como o primeiro filme a apresentar um vampiro com
presas alongadas, cinco anos antes o filme finlandês "Valkoinen
Peura" (A Rena Branca,1952) tinha um vampiro com caninos longos e afiados.
Foi seguido
da sequência "El Ataúd del Vampiro" em 1958.
SCREENSHOTS:
Adorei a postagem, eu estava preparando também para esse clássico, se você me permite, vou colocar mais um link no seu post com um arquivo que tem audio de comentários legendados , ainda estou dando uma arrumada nas legendas daqui 2 a 3 semanas e coloco o link
ResponderExcluirMaravilha, Carlos! Aguardando essa sua excelente contribuição com os comentários legendados!
Excluirvou conferir esse longa, me simpatizei com o que vi no trailer.
ResponderExcluirobrigado por compartilhar,
elcio
De nada, Elcio!
ExcluirOIA! eu tinha escrito essa mensagem de cima em 2022.
ExcluirObrigado por responder. erg. em 2024. kkk
um abraço
elcio
Eu sempre esqueço de ativar as notificações, kkk! Um abraço, Elcio!
ExcluirOlá! Tudo bem? Poderiam reupar?
ResponderExcluirOlá, Claudia, tudo bem? A postagem foi atualizada, confira.
ExcluirAdoro os filmesque voçês postam, mas esse está off , poderiam repostar por gentileza ?? abraço
ResponderExcluirÓtimo saber que gosta das postagens do blog, Marcelo, infelizmente têm muitas off, mas é só pedir que vamos atualizando aos poucos, já atualizei esta aqui, boa sessão, amigo, abraço.
ExcluirComo sempre, meu muito obrigado.
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