quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

INCUBUS (1966)

 

SINOPSE:
Em uma estranha ilha  habitada por demônios e espíritos, um homem luta contra as forças do mal.

DIREÇÃO:
Leslie Stevens
ELENCO:
William Shatner como Marc
Allyson Ames como Kia
Eloise Hardt como Amael
Robert Fortier como Olin
Ann Atmar como Arndis
Milos Milos como Incubus
Jay Ashworth como Satanista†
Forrest T. Butler como Satanista
Paolo Cossa como narrador (voz)†
Ted Mossman como Satanista
† Não creditado




FORMATO: MKV / BR RIP
DURAÇÃO: 1 h 14 min
TAMANHO: 2.45 GiB
IDIOMA: Inglês
PAÍS DE ORIGEM: EUA
FORMATO DO VÍDEO: 1.85:1 (1 920 X 1 038)
LEGENDAS: Português (srt) por Vander Colombo 

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COMENTÁRIOS:


Os críticos consideram o filme “mais amaldiçoado da história do cinema”. Um filme que abriu as portas para o ocultismo e hermetismo em Hollywood numa década de “despertar místico e religioso” através das viagens alucinógenas do psicodelismo e estados alterados de consciência. O Filme “Incubus” (1966) foi dirigido e escrito por Leslie Stevens (criador da série de TV “Quinta Dimensão”) e protagonizado por William Shatner, um ano antes de viver o capitão Kirk da série “Star Trek”. Desde sua estreia, “Incubus” foi marcado por suicídios, assassinatos, falências, divórcio e incêndio. Tão amaldiçoado que o diretor tirou o filme de circulação e os negativos foram destruídos. Para em 1996 uma cópia ser encontrada na França e recuperada para relançamentos em VHS e DVD. E logo em seguida reiniciaram as “coincidências” fatais. Muitos pesquisadores em Sincromisticismo consideram Hollywood um “centro de recrutamento de médiuns”, manipulando voláteis e perigosas formas-pensamento e arquétipos do inconsciente coletivo. “Incubus” seria um caso exemplar.

O gnóstico pop David Bowie cantava na música “Scary Monsters (and Super Creeps)”, de 1980, na qual fazia uma espécie de acerto de contas com a sua geração psicodélica: “Ela abriu estranhas portas que jamais fecharemos novamente”.

E essas portas foram abertas na cultura pop durante a década de 1960, uma geração que tentou encontrar a felicidade, espiritualidade, sagrado e transcendência em regiões ocultas (e muitas vezes sombrias) do psiquismo através do acid rock e psicodelismo.

O que resultou numa década de despertar místico e religioso, trazendo de volta utopias primitivas e tribais e uma peculiar leitura Zen-taoísta de um misticismo da natureza combinado com impulso transcendentalista das viagens alucinógenas e estados alterados de consciência – presentes em três álbuns emblemáticos na época: Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band dos Beatles; Their Satanic Majesties Request, dos Rolling Stones; e The Pippers At The Gates of Down, o trabalho de estreia da banda Pink Floyd.

O filme Incubus (1965) foi um típico filme desse momento em que os produtores da cultura pop tentaram aproveitar o zeitgeist da década. Mas nesse caso particular, foi muito mais além do que um mero terror de entretenimento. Como disse a crítica na época, foi um filme “de ocultista para ocultistas”.

Escrito e dirigido por Leslie Stevens (criador da famosa série de TV A Quinta Dimensão) e contando ao seu lado com o ator William Shatner (um ano antes de se transformar no eterno capitão James T. Kirk da série Star Trek), Incubus pode ser considerado um caso exemplar de como o despertar místico de uma geração que combinou psicodelismo e misticismo, abriu aquelas estranhas portas a que Bowie se referia. E não conseguiram mais fechar.

A maldição de Incubus

Desde a premiere no San Francisco Film Festival em 1966, o filme foi cercado de tragédias envolvendo atores e a produção, chegando ao ponto do diretor tirar o filme de circulação. Ao longo dos anos os negativos originais e todas as cópias existentes acabaram se perdendo. Somente em 1996 foi descoberta uma cópia na Cinemathéque Français em Paris, a partir da qual foi criada uma versão restaurada para VHS e mais tarde em DVD.

Já na estreia, os primeiros problemas: a cópia exibida não tinha som. Outra teve que ser providenciada às pressas enquanto os espectadores do festival aguardavam impacientes.

Em 1966 a atriz Ann Atmar suicidou-se. No mesmo ano o ator Milos Milos (que interpreta a entidade incubus no filme) assassinou sua namorada e em seguida se matou. Mais tarde, a filha da atriz Eloise Hardt foi raptada e assassinada.

Os cenários em que foram rodadas muitas cenas do filme, incendiaram-se meses depois do lançamento. E a empresa que produziu Incubus faliu poucos meses depois da estreia em San Francisco.

Mais: o diretor divorciou-se da esposa na época do lançamento do filme. No ano em que a versão em DVD foi lançada, a terceira esposa de William Shatner (Nerine Kidd-Shatner) afogou-se em uma piscina.

O diretor Roman Polanski e a atriz Sharon Tate (que mais tarde seria sua esposa) estiveram presentes no lançamento. Polanski depois fugiria dos EUA acusado de ter relações sexuais com uma menor de idade. E ela foi assassinada brutalmente por uma seita de seguidores de Charles Mason, grávida de oito meses.

Depois de tudo isso todos envolvidos na produção evitam falar sobre o filme, principalmente o protagonista William Shatner.

O Filme

E para acrescentar a fama de um filme estranho, os atores do filme falam em Esperanto – língua criada no século XIX por Ludwik Zamenholf para ser uma segunda língua falada por todos os países, facilitando os intercâmbios culturais e comerciais.

O que só ajudou a criar em Incubus uma atmosfera surreal e sombria, em cenários desérticos em meio a grandes campos com construções quase abandonadas rodeado de florestas escuras, com uma bela fotografia em preto e branco.

A narrativa gira em torno de um poço, cujas águas supostamente teria propriedades milagrosas de cura. O que atrai pessoas de todas as índoles, mas principalmente egoístas e com a personalidade maculada por “fibras escuras da maldade”.

Atraída por essas mazelas humanas, encontramos Kia (Allyson Ames), um súcubos devota ao “Deus da Escuridão” – “sucubus”, lenda medieval sobre demônios de aparência feminina que invadiam os sonhos eróticos masculinos para lhes roubar energia vital.

Kia encarrega-se de servir o Deus da Escuridão atraindo homens desvirtuados e corruptos que procuravam as águas do poço, para mata-los, encomendando suas almas perdidas para o Inferno.

Porém, Kia é ambiciosa: para impressionar o Deus dos infernos, ela pretende vencer um desafio – dessa vez corromper uma alma pura e bondosa, apesar dos alertas da sua irmã e mentora Amael (Eloise Hardt): a bondade por ter forças perigosas e mortais para os súcubos.

O alvo então passa a ser um corajoso soldado herói de guerra chamado Marc (William Shatner) que, junto com sua irmã Amdis (Ann Atmar), vem em busca das águas milagrosas para recuperar-se das lesões dos campos de batalha.

Como as coisas não saem como planejadas (as forças da bondade de Marc são quase fatais para Kia) invocam a presença de um Íncubo, espírito masculino especializado em seduzir mulheres para seduzir a irmã de Marc para dar início a uma batalha pelas almas dos mortais.

A partir daí, Incubus cada vez mais conduz o espectador a um universo surreal com icônicas súcubos (loiras geladas e elegantes caminhando pelas praias em busca de almas mortais), seres do além saindo de sepulturas, cenas violentas de estupros e sequências oníricas como as de um bode demoníaco em uma igreja.

Mas certamente a sequência mais perturbadora seja a da invocação do súcubos, com planos muito mais sugestivos do que explícitos ao estilo do horror gótico do expressionismo alemão – silhuetas de um corpo numa forca ao lado de sombras de uma criatura com asas.

Tudo isso embalado por uma trilha musical hipnótica, cuja pontuação das cenas lembra bastante do estilo das velhas séries Além da Imaginação e Quinta Dimensão.

Explosiva combinação sincromística

Para espectadores atuais, acostumados com filmes nos quais o medo e o horror genuínos foram substituído pelos sustos dos efeitos especiais gore, Incubus revela essa dimensão assustadora do horror criado pela sinergia entre trilha sonora, os sombrios contrastes da fotografia preto e branco e uma massiva simbologia ocultista e hermética apenas sugerida – o que aumenta ainda mais o sentimento do horror diante do bizarro, excêntrico e estranho.

Como um clássico conto fantástico, cada plano e sequência do filme é carregado de arquétipos e símbolos religiosos e ocultos. De alguma forma, o diretor Leslie Stevens conseguiu fazer uma explosiva combinação sincromística.

“Os pensamentos são coisas”, diz um antigo aforismo oriental. Se isso for verdade, passam a ser compreensíveis estranhas “coincidências” que cercam filmes que exploraram arquétipos e formas-pensamento psiquicamente “pesadas”: Batman: O Cavaleiro das Trevas, O Exorcista, Superman, O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus etc. – sobre isso clique aqui.

Estranhas morte prematuras de atores e celebridades e as lendas sobre filmes “amaldiçoados” seriam a camada narrativa mais superficial desse lucrativo negócio que explora o magma do inconsciente coletivo arquétipos e formas-pensamento) e que muitas vezes o resultado pode ser considerado imprevisível, com mortes acidentais ou eventos que se transformam em verdadeiros rituais públicos de sacrifícios.

Pesquisadores em Sincromisticismo mais enfáticos como Jason Horsley falam de forma direta que Hollywood é um “centro de recrutamento de médiuns” – indivíduos com personalidades fragmentadas, ideais para canalizarem e darem vida a formas-pensamento. O que confere performances “espontâneas” a filmes (que, por isso, tornam-se “cults”). Mas que no final criam pesadas egrégoras que, em contato com o nosso mundo ordinário, podem ter efeitos incontroláveis.

Produções culturais que no final se revelam como “símbolos esotéricos codificados dentro de espetáculos midiáticos ou rituais” - HOFFMAN, Michael, Secret Societies and Psychological Warfare, 2001.

Por isso, Incubus criou essa fama entre os cinéfilos de ser o “filme mais amaldiçoado da história do cinema”. Um filme que abriu as portas para o oculto e o hermético em Hollywood cuja exploração, ao longo das décadas, tornou-se mais sistemática, metódica e profissional, mantendo o quanto possível os efeitos sob controle.

Mas ocasionalmente, ocorrem acidentes fatais, como o que envolveu o ator Heath Ledger após dar vida às sombras arquetípicas do palhaço do crime, o Coringa em Batman, e o simbolismo do “Enforcado” do Tarot no filme O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus. 

Wilson Roberto Vieira Fernandes (Cinegnose)




CURIOSIDADES:


Enquanto a distribuição no cinema estava sendo buscada para o filme, o ator Milos Milos assassinou Barbara Thomason Rooney (também conhecida como a atriz Carolyn Mitchell, então esposa de Mickey Rooney) e então se matou após Rooney descobrir o caso. Doze dias antes da estreia no Festival Internacional de Cinema de São Francisco, a atriz Ann Atmar cometeu suicídio. Dois anos após a estreia, Marina Habe, filha da atriz Eloise Hardt, foi sequestrada e brutalmente assassinada. O caso continua sem solução. A distribuição do filme nos cinemas nunca foi obtida, os originais do filme foram armazenados e o filme caiu na obscuridade total nos EUA.

Em 1993, foi descoberto que a unidade de processamento e armazenamento de filmes CFI havia destruído por engano o negativo e todas as cópias em algum momento durante os 27 anos anteriores. Três anos depois, uma única cópia foi descoberta na coleção permanente da Cinemateca Francesa em Paris, uma remanescente do lançamento no cinema francês 30 anos antes. Da única cópia sobrevivente, o filme foi restaurado digitalmente com som remasterizado.

De acordo com Anthony M. Taylor em uma das faixas de comentários do DVD, o roteiro foi escrito em inglês e traduzido para o esperanto. Quando a única cópia francesa sobrevivente do filme foi remasterizada para lançamento, as legendas em inglês foram criadas com base no roteiro original em inglês, não em uma tradução do diálogo falado em esperanto de volta para o inglês. Isso resulta em uma situação estranha para um filme em língua estrangeira: discrepâncias entre as legendas em inglês e o diálogo falado são, na verdade, devido a traduções incorretas do inglês para o esperanto, não vice-versa, ou então refletem mudanças tardias que não foram corrigidas no roteiro original em inglês.

William Shatner cresceu em Montreal, Canadá, e provavelmente por isso ele continua pronunciando certas palavras em esperanto como se fossem francesas. Ouça-o dizendo "sen" (sem) pronunciado como se fosse francês "sans", ou "sento" (sentir) como se fosse francês "sentir" (sentir). Para registro, o esperanto não tem sons de vogais nasais como o francês.

William Shatner filmou isso pouco antes de começar a trabalhar em Star Trek (1966).

Em seu comentário para o DVD, William Shatner relembrou um incidente que ocorreu quando o elenco e a equipe chegaram pela primeira vez em Big Sur, Califórnia. Ele se lembra de um homem "hippie" abordando a equipe e perguntando sobre seu empreendimento. Shatner diz que o elenco e a equipe reagiram com alguma hostilidade ao seu interesse, o que o irritou por sua vez. O "hippie" então lançou uma maldição em voz alta sobre a produção, o que algumas pessoas acreditam ter entrado em vigor, pois vários membros do elenco morreram ou foram assassinados alguns anos depois.

A estreia de Incubus ocorreu no Festival de Cinema de São Francisco em 26 de outubro de 1966, onde, de acordo com o produtor Taylor, um grupo de 50 a 100 entusiastas do esperanto "gritaram e riram" da pronúncia ruim da língua pelos atores.

O produtor Anthony M. Taylor e a estrela Allyson Ames se casaram durante a produção. Eles se divorciaram logo após o fim da produção.

O personagem-título - o Incubus - aparece pela primeira vez aos 47 minutos do filme de 75 minutos.

O produtor Anthony M. Taylor disse que depois que o filme foi concluído, ele decidiu inserir novas cenas, incluindo uma em que a personagem de Allyson Ames está nua na praia com William Fortier. Ele não perguntou a Ames se ela faria isso e decidiu escalar uma dublê de corpo. Ele contou a Ames sobre isso e ela não viu problemas, achando engraçado. Depois de alguma busca, ele encontrou uma dançarina de topless que se parecia com Ames através de um escritório de elenco. Eles filmaram por dois dias em uma praia particular onde Fortier conhecia um salva-vidas que os deixou entrar por um preço. Ele também insistiu em ficar por perto para assistir enquanto eles filmavam a cena. Taylor disse que eles primeiro filmaram cenas da dançarina vestindo a mesma roupa da personagem de Ames de filmagens anteriores. Então ela tirou suas roupas e ficou apenas com uma tanga, correu pela praia de topless, rolou na água e acenou para Fortier se juntar a ela. Depois que a nova filmagem foi inserida no filme, Taylor não tinha certeza do que fazer com a nova versão. Não houve ampla distribuição e apenas algumas pessoas a viram.

As filmagens em locação ocorreram em Big Sur Beach e na Mission San Antonio de Padua, perto de Fort Hunter Liggett, no Condado de Monterey. Preocupado que as autoridades não dessem permissão para filmar um filme de terror nesses lugares, especialmente na Mission (Missão Espanhola), Stevens inventou uma história de que o filme era na verdade chamado Religious Leaders of Old Monterey (Líderes Religiosos de Monterey), e mostrou o roteiro em esperanto, mas com instruções de palco e descrições sobre monges e fazendeiros.

Um dos dois únicos filmes filmados inteiramente em esperanto, o outro sendo Angoroj (1964).

Todo o diálogo falado está em mal pronunciado.



SCREENSHOTS:














2 comentários:

  1. Hollywood sempre foi cheio de satanista, orgia e drogas
    obrigado pela raridade

    abs!

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  2. Demais Karamazov, filme muito raro que foi lançado recentemente em Blu-Ray acho que foi em abril de 2024, sempre quis postar esse filme por aqui, mas a qualidade da imagem que tinha por aí era péssima e eu sempre deixava para frente e também o filme não me atraia muito, agora em blu-ray vamos ver se mudo de opinião
    Muito obrigado por compartilhar, valeu !

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