Uma "força desconhecida" declara guerra contra o planeta Terra quando as Nações Unidas desobedecem aos avisos para desistir de suas tentativas de montar o primeiro satélite no espaço.
COMENTÁRIOS:
Alerta de spoliers!
Em outubro de 1957, a URSS surpreendeu o mundo com o lançamento bem sucedido do primeiro satélite artificial a orbitar a Terra, o Sputnik I. No dia mesmo em que todos os jornais relatavam a grande vitória dos russos na corrida espacial e na Guerra Fria, Roger Corman obteve o baixíssimo orçamento necessário à produção de seu filme prometendo aos produtores colocar em doze semanas um filme nos cinemas com a palavra “satélite” no título. Conseguiu seu cheque mesmo não tendo escrito ainda uma linha do roteiro. No filme, até a espaçonave tripulada é chamada de satélite e os adolescentes que descobrem o foguete com a mensagem alienígena mencionam o Sputnik.
Cristiano
Bezerra Lara - Dimensões do Marketing no Cinema (trecho)
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A trama gira em torno de uma barreira de energia que desintegra todos os satélites tripulados lançados pela ONU, obra de uma espécie alienígena que, para impedir que os seres humanos “infestem” outras áreas do espaço, coloca o planeta todo em “quarentena”. Essa versão da “corrida espacial”, levada aos cinemas apenas sete meses depois que a União Soviética lançara o Sputinik, entrega muito mais ficção do que ciência, mas seu ritmo rápido impede que o espectador tenha tempo para se questionar sobre seus furos científicos.
Os efeitos são tudo o que se espera de um filme B de ficção científica da década de 50, onde a criatividade sobrepujava o orçamento. As pinturas que retratam os foguetes em construção funcionam muito bem, embora as maquetes dos foguetes e satélites pareçam hoje uma piada. Algumas sacadas são mesmo de mestre, como a representação do alienígena-invisível-invasor-de corpos que substitui por um duplo o cientista-chefe do Projeto Sigma, Dr. Van Ponder (Richard Devon, que já trabalhara com Corman em The Undead, Teenage Doll, Machine-Gun Kelly e The Saga of the Viking Woman). Devon entrega uma atuação especialmente boa nas cenas que os efeitos dependem mais de sua performance do que das manobras da edição e sonoplastia. Algumas ideias exploradas pelo roteiro, como quando o clone de Richard Devon é forçado pelas circunstâncias a alterar sua fisiologia interna para simular um coração e outros órgãos e se vê demasiadamente humano em relação à sua atraente colega tripulante, Sibyl (Susan Cabot - The Wasp Woman, Machine-Gun Kelly, Sorority Girl, The Viking Women), poderiam ser melhores exploradas em um filme mais longo. Na verdade há até mesmo alguns momentos que antecipam elementos do enredo de Star Trek (By Any Other Name) e ideias que aparecem de forma mais desenvolvida em episódios de The Outer Limits. Dick Miller (A Buckett of Blood, The Little Shop of Horrors, The Undead, Not of This Earth, It Conquered the World), em seu décimo papel para Corman no espaço de três anos, é visto aqui em um raro papel de protagonista. Efeitos de fotografia bastante simples, como o uso do negativo e positivo, conseguem impressionar em determinadas cenas finais. Pontuando tudo isso, temos uma das partituras mais ambiciosas já escritas por Walter Greene, compositor/diretor musical que passou a maior parte de sua carreira trabalhando em B Westerns e na Pantera Cor-de-Rosa.
O roteiro de Lawrence Goldman (trabalhando a partir de uma história original dos homens dos efeitos especiais Jack Rabin e Irving Block, também escalados como produtores associados) apresenta uma raça de seres extraterrestres superiores que, não querendo que a humanidade empurre suas armas atômicas para sua galáxia, bloqueia todos os voos espaciais tripulados da Terra através do uso de uma nuvem magnética-nebulosa que destrói as naves e suas tripulações quando em contato. Desanimado mas pouco ponderado, o cientista Dr. Van Ponder (Richard Devon) decide liderar sua própria missão, com a intenção de derrubar a nuvem e quebrar a Barreira Sigma. Para não ser ultrapassados, os Mestres da Espiral Nebulosa Ghana (que se comunicam com a terra em latim) empurram o carro de Van Ponder para fora da estrada, matando-o, e habitando seu corpo para sabotar o Projeto Sigma infiltrado.
Uma entidade extraterrestre que trabalhava na destruição infiltrado era um tópico padrão para Corman, que tinha abordado a questão da dominação em IT CONQUERED THE WORLD (1956) e a noção de um agente extraterrestre agindo disfarçado entre nós em NOT OF THIS EARTH (1957). Há um toque, também, de WHEN WORLDS COLLIDE (1951), já que a tripulação de Van Ponder constrói três foguetes para carregar os materiais necessários para construir o satélite (sic) que irá para onde nenhum homem foi antes, e INVASION OF THE BODY SNATCHERS (1956) também.
São filmes como este que me fazem adorar o trabalho da lenda dos filmes B´s Roger Corman (que pode ser visto em cena aqui como um controlador de solo, certamente para poupar o cachê de outro ator). Se outra pessoa quisesse realizar um épico espacial com um minúsculo orçamento, sem dúvida resultaria em algo forçado e aborrecido, mas com o toque do mestre, Guerra dos Satélites tem um enredo interessante e ação suficiente para agradar aos fãs de ficção científica.
Karamazov ( texto-colagem e tradução livre)
CURIOSIDADES:
"Guerra
dos Satélites" é infame pela forma como Corman encenou cenas de
perseguição que fizeram os satélites parecerem intermináveis. Ele conseguiu
isso filmando Miller, por exemplo, percorrendo uma seção do cenário; depois
reconfigurando o piso e as paredes do cenário; depois filmando Miller
percorrendo outro cenário; e assim por diante. Mais tarde Corman editou todas
as filmagens juntas para fazer parecer como se Miller estivesse passando por um
labirinto monolítico e sem fim.
O painel de
controle com muitos interruptores de comutação utilizados pelo controlador de
solo (Roger Corman) e pela tripulação de voo da nave espacial é o piloto
automático de um bombardeiro da II Guerra Mundial B-17.
As cenas da
nave espacial Project Sigma montada foram reutilizadas em várias produções do
Irwin Allen, incluindo Perdidos no Espaço (1965) e Túnel do Tempo (1966).
Os efeitos sonoros utilizados durante a cena do acidente de carro, e mais tarde quando o alienígena está se comunicando com a sua espécie, são os mesmos utilizados em A Guerra dos Mundos (1953).
SCREENSHOTS:
Grande post Karamazov , muito bom, o que gosto neste filme é que é um dos poucos em que o Dick Miller é um dos protagonistas, na maioria das vezes ele sempre faz um papel menor coadjuvante, ou pequenas aparições
ResponderExcluirSe não vai acreditar eu estava fazendo estas legendas, fiz cerca de 1/3 das legendas, agora já pulo para outra, eu sempre faço 3 ou 4 legendas ao mesmo tempo, porque fico cansado de ver o mesmo filme milhares de vezes, então quando estou cansado de um faço um pouco do outro e vai indo rsrsrs
Valeu, Carlos! Creio que o filme vai agradar a todos os fãs do Corman e de Sci-Fi em geral, é curioso que aqui o Dick Miller tenha um dos seus poucos papéis como protagonista, mas na minha opinião quem rouba a cena é o Richard Devon devido ao personagem duplo.
ExcluirUma pena que você tenha perdido o trabalho com essa legenda, como eu legendo uma de cada vez, ainda que também ache cansativo, posso avisá-lo por e-mail qual filme pretendo traduzir, assim se você já tiver começado, posso pular para outra legenda, o que não faltam são filmes para traduzir, haha.
Cara, filmes como este me levam muito longe na imaginação. quando eu era pré adolescente lia muito os livrinhos da série Perry Rodan, e a estética destes filmes faz lembrar muito aquelas estorinhas ingênuas. Obrigado por mais esta pequena obra-prima, amigos do Space monster!
ResponderExcluirTambém lia o Perry Rhodan na adolescência, Paulo, aqueles enredos eram sensacionais! Certamente vai gostar desse filme do Corman também, valeu, um abraço.
ResponderExcluirMuito bom este filme
ResponderExcluirPor Favor vcs poderiam postar o filme
Satellite in the Sky
1956 ‧ Ficção científica/Drama ‧ 1h 25m
Beleza que gostou, Alexandre! Vou procurar o Satellite in the Sky, ainda não tem legendas em português, mas se eu gostar vai para a fila de tradução e qualquer dia destes aparece por aqui. Grato pela dica.
ExcluirSó agradecer o grande amigo tradutor Karamazov, por traduzir e postar relíquias como esta. Sou velhinho dos tempos sem internet e hoje só sorriso largo com ela, ao ter oportunidade de conhecer essas verdadeiras relíquias e pessoas como Karamazov que tornam possível o acesso desses filmes à muitos..
ResponderExcluirMuito gratificante receber um comentário como o seu, Adailson! A internet é maravilhosa nesse sentido de compartilhamento de cultura! Certamente eu também não nunca teria acesso à muitas relíquias se não fosse o Cine Space Monster e as pessoas incríveis que o tornaram possível. Pode aguardar que vou continuar trazendo raridades para o blog, grande abraço, amigo!
ExcluirValeu por essa bagaceira do Corman
ResponderExcluirCorman foi o rei dos filmes bagaceiros que tanto amamos, valeu, Greven Nazg!
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